por Cyro Saadeh*
É interessante notarmos como evoluímos tão demoradamente durante a longa história da humanidade.
O século passado, porém, foi o ano das descobertas, da psicanálise, da teoria da relatividade, do avião e de tantas outras coisas benéficas ao homem. Pode-se dizer que foi o ano próprio da racionalidade, onde grandes gênios despontaram e colaboraram na ampliação do conhecimento a um número maior de seres.
Porém, o século passado não foi só de luz. Enfrentamos duas grandes guerras mundiais e regimes ditatoriais únicos na história, onde se despontam déspotas em Portugal, na Espanha, na União Soviética, no Cambodja, na Indonésia, na China, no Brasil, em Uganda, na Argentina e no Chile. Foi um ano de grandes e de pequenas guerras em todos os continentes, com muitos mortos.
Foi um século em que Jerusalém voltou a ser disputada, agora por israelenses e palestinos.
Indígenas e nativos foram dizimados de forma covarde em todos os continentes.
Nunca houve tantos refugiados como no século que passou. Judeus, muçulmanos, árabes, armênios, africanos, sul-americanos... Nunca o mundo viu tantos seres em busca de refúgio.
Foi um século em que a fome perseguiu 600 milhões de habitantes no mundo inteiro, onde a aids matou milhões de pessoas, onde a pornografia tornou-se um dos produtos mais rentáveis e um grande ramo empregatício, enquanto moralmente a sociedade tornava-se sutilmente mais conservadora.
Foi o século do crescimento do radicalismo religioso no mundo. Nos Estados Unidos, 20% da população fazem parte do fundamentalismo evangélico. Alguns muçulmanos interpretaram o Alcoorão de forma própria para justificar atentados. Alguns israelitas justificam a luta por terras na atualidade na bíblia de mais de cinco mil anos. A religião, ao invés de aproximar, passou a segregar.
O século passado realmente se foi, mas muitos dos seus males ainda surtem efeito no dia-a-dia.
Há muito ainda a ser descoberto. Decolamos nos estudos das ciências exatas e biológicas, em um grande descompasso com as ciências humanas, ainda incipientes.
O direito e a Justiça precisam avançar muito e humanizar-se, para se aproximarem das pessoas que têm interesse na solução dos processos. A democracia realmente tem que se fortalecer e criar condições efetivas para que todos, pobres ou ricos, diferentes ou iguais, possam interferir na política local, nacional e internacional.
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* jornalista