(Bush é protegido de um sapato atirado por um jornalista iraquiano)
Ao entrar numa mesquita, os sapatos ficam à porta. Basta alguém mostrar uma sola de sapato ao interlocutor para se estar perante um sinal de desrespeito no Médio Oriente. Os sapatos são muito usados para insultos na cultura árabe, e isso tem muito a ver com serem impuros nos rituais da fé islâmica. Mas o insulto do sapato, a parte mais suja e baixa de qualquer pessoa, atravessa as barreiras religiosas e um sapato é universalmente usado para grandes insultos na cultura árabe, nota a BBC on-line.
O "Guardian" lembra que no Egipto, por exemplo, muitas expressões insultuosas recorrem à imagem do sapato: “Seu filho de um sapato” ou “deves ter sapatos em vez de cérebro” são apenas dois exemplos.
E em 2004, quando o então primeiro-ministro britânico Tony Blair se encontrou com o líder líbio Muammar Kadhafi na sua tenda em Tripoli, foi dito que Kadhafi tinha insultado Blair cruzando a perna e deixando a sola do sapato virada para o convidado. “A única coisa pior [do que mostrar a sola do sapato] seria um ataque físico”, disse na altura o director do jornal pan-árabe com sede em Londres Al-Quds, Abdel Bari Atwan. “Fiquei completamente chocado”.
O sapato foi, curiosamente, um dos meios de eleição dos iraquianos para mostrar o seu desdém pelo antigo ditador Saddam Hussein após a entrada das tropas americanas no país – e as imagens de iraquianos a bater com sapatos em imagens de Saddam foi usada para ilustrar o ódio dos iraquianos ao ditador derrubado pelos EUA. Mais tarde, com a violência a alastrar no país, foram imagens de Bush a receber o tratamento do sapato.
De resto, a família Bush tem já outro antecedente com sapatos iraquianos: a seguir à guerra de 1991, o então Presidente Bush-pai foi retratado num mosaico no chão do lobby de um hotel em Bagdad – isto para que pudesse ser pisado pelos visitantes.
Toda a conversa sobre o significado insultuoso do sapato na cultura árabe (ou no islão) foi encarada com alguma ironia na Internet. Atirar um sapato é insultuoso no islão... “e em todas as outras religiões é um sinal de afecto, de amizade, de liderança, e de bons sentimentos”, brincava um dos utilizadores de um fórum de discussão no site satírico democraticunderground.com.
Maria João Guimarães
http://www.publico.clix.pt/ (versão digital do Jornal português Público)
O "Guardian" lembra que no Egipto, por exemplo, muitas expressões insultuosas recorrem à imagem do sapato: “Seu filho de um sapato” ou “deves ter sapatos em vez de cérebro” são apenas dois exemplos.
E em 2004, quando o então primeiro-ministro britânico Tony Blair se encontrou com o líder líbio Muammar Kadhafi na sua tenda em Tripoli, foi dito que Kadhafi tinha insultado Blair cruzando a perna e deixando a sola do sapato virada para o convidado. “A única coisa pior [do que mostrar a sola do sapato] seria um ataque físico”, disse na altura o director do jornal pan-árabe com sede em Londres Al-Quds, Abdel Bari Atwan. “Fiquei completamente chocado”.
O sapato foi, curiosamente, um dos meios de eleição dos iraquianos para mostrar o seu desdém pelo antigo ditador Saddam Hussein após a entrada das tropas americanas no país – e as imagens de iraquianos a bater com sapatos em imagens de Saddam foi usada para ilustrar o ódio dos iraquianos ao ditador derrubado pelos EUA. Mais tarde, com a violência a alastrar no país, foram imagens de Bush a receber o tratamento do sapato.
De resto, a família Bush tem já outro antecedente com sapatos iraquianos: a seguir à guerra de 1991, o então Presidente Bush-pai foi retratado num mosaico no chão do lobby de um hotel em Bagdad – isto para que pudesse ser pisado pelos visitantes.
Toda a conversa sobre o significado insultuoso do sapato na cultura árabe (ou no islão) foi encarada com alguma ironia na Internet. Atirar um sapato é insultuoso no islão... “e em todas as outras religiões é um sinal de afecto, de amizade, de liderança, e de bons sentimentos”, brincava um dos utilizadores de um fórum de discussão no site satírico democraticunderground.com.
Maria João Guimarães
http://www.publico.clix.pt/ (versão digital do Jornal português Público)