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A sexualidade e nós

(Retrato de domínio público. Autores: Eugenio e Maurício - Fundação Joaquim Nabuco)

por Alexandre Saadeh*




Dia destes uma paciente me perguntou em alto e bom som por que o sexo, que deveria ser uma coisa tranqüila, não é?



Por vários motivos. Penso que o mais importante deles é o fato de apesar de ser uma atividade fisiológica e de base biológica, ele é regido por valores culturais, religiosos e morais que o tornam um fenômeno único e de vital importância em nosso dia-a-dia desde que nascemos, pois é a forma que adquire o nosso prazer. A Psicanálise mesmo nos diz que qualquer prazer, em nosso desenvolvimento, ganha um cunho sexual.


A Medicina faz um esforço enorme para nos mostrar que a sexualidade tem um caminho “normal”. Isso cria o mito de que existiria um sexo, ou expressão sexual, considerada normal, adequada. Aliás, essa é uma pergunta que não canso de ouvir, se o paciente é normal por fazer isso, aquilo, dessa forma ou daquela. A Organização Mundial de Saúde nos diz que é normal a sexualidade exercida em plenitude entre dois adultos humanos vivos. Agora o que eles fazem entre si só é da conta deles e, portanto, normal para eles. Excitar-se com pés, gostar de sexo oral, preferir mulheres ou homens gordos, tudo isso só poderia ser considerado “anormal” se impedisse a vivência de plenitude do indivíduo ou o fizesse sofrer. O grande problema é que nossa moral, cultura e religiões penalizam, culpabilizam e condenam muitas formas de expressão da sexualidade por pura tradição, ignorância e preconceito. Muitas dessas expressões sexuais, como por exemplo, a homossexualidade, fantasias específicas, gostos particulares, não dependem de uma decisão racional, não são opções de alguém. Aliás, são falta de opção, pois há um determinismo biológico/psíquico em tudo isso.


Muitos estudos recentes demonstram que nosso cérebro, desde a infância, registra e busca replicar as experiências prazerosas, qualquer que seja. Os centros do prazer e da gratificação são próximos e a vivência sexual é capaz de produzir uma marca que voltará a ser buscada quando de uma nova experiência sexual.


Com isso tudo, cabe a pergunta, o que é normal em relação ao sexo? O quer a sociedade determina, o que dá prazer ao indivíduo ou o que excita a díade? Talvez tudo, possivelmente uma dessas opções. O que não podemos é julgar alguém por seu comportamento sexual. Ele só é uma parte do indivíduo, talvez a menos importante na convivência comunitária. Algo que é muito particular e específico. Delicado! Pois se assim não fosse, nossa vida sexual seria um livro aberto, o que não acontece. Quando você ouve alguém fazendo “propaganda” de sua vida sexual, desconfie, a grande maioria é enganosa. Sexo serve para nos dar prazer e aprender a conviver com as diferenças presentes em outros seres humanos. Nós transformamos isso num critério de valor, qualitativo, que diz se alguém é melhor ou pior. Acho importante ter em mente que a sexualidade madura é fruto de nossa evolução embriológica, nossas experiências vitais com prazer que são únicas e a construção pessoal de valores. Ou seja, é complexa, fácil de se complicar e nos tornar culpado. E isso acaba pesando em nosso cotidiano, fazendo do sexo não mais um “lugar” de relaxamento, exposição e aceitação do outro e de nós mesmos, mas sim um “lugar” onde julgamos e somos julgados; selecionamos e somos selecionados. Para quê?




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* Psiquiatra, Professor e Doutor em Sexologia