por Cyro Saadeh*
Muitos especialistas afirmam que o crime organizado, como o tráfico de entorpecentes, conseguiu estabelecer-se na periferia, em especial na região das favelas, em razão da omissão estatal. De fato, durante a ditadura militar, a questão social ficou em segundo plano e não houve um planejamento estratégico de inclusão.
A ausência de escolas, de áreas de lazer e de postos de saúde nas favelas, levou os traficantes e outros criminosos a, espertamente, oferecer ajuda financeira, incluindo medicamentos, aos moradores e, assim, ganhou certa simpatia da comunidade. Enquanto os criminosos agiram em prol dos carentes, o Estado permaneceu inerte por muito tempo.
Hoje, uma parceria entre os Governos federal, estadual e municipal promete repassar 1,49 bilhão, grande parte vinda do PAC - Programa de Aceleração do Crescimento, para investimento exclusivo nas favelas paulistanas, que somam mais de 1.600, com um total próximo de 1,5 milhões de moradores. É um número espantoso. O dinheiro, que não é muito se dividido pelo número de beneficiários, será utilizado em assistência médica e laboratorial, construção de moradias populares e implantação de uma Fatec.
O falecido Mário Covas havia iniciado um programa inteligente e revolucionário de implantação de órgãos públicos nos locais mais distantes, incluindo so Centros de Integração de Cidadania, há quinze anos. E esse projeto das 3 esferas de governo vem complementar o que já fora iniciado, mas é necessário mais. Mais dinheiro. Mais escolas. Ampliação do período de aulas, alcançando a integralidade. Transporte público. Construção de centros culturais, praças, parques e centros poliesportivos. É necessário levar a cidadania aos excluídos do mundo cultural, mercadológico e social em que vivemos.
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* jornalista