por Auriane Brito*
No dia 28 de abril foi comemorado o Dia Nacional da Caatinga com eventos que deveriam ser mais divulgados. Muitas pessoas nem sabiam das comemorações que julgo de suma importância para o conhecimento desse bioma que é exclusivamente brasileiro.
O leitor deve estar se perguntando: a Caatinga não é uma vegetação? Na verdade ela é bem mais que isso, é definida como um bioma (região onde se desenvolveu um determinado tipo de vida). Sua fauna e flora são bastante diversificadas, porém pouco conhecidas. Ocupa cerca de 10% do território brasileiro e é encontrada nos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e no Norte de Minas Gerais.
A vegetação da Caatinga possui uma adaptação especial ao clima Semi-árido: algumas plantas possuem folhas finas ou inexistentes e outras armazenam água no seu interior como o cacto. Enquanto a fauna, estima-se que 876 espécies já foram catalogadas e muitas há anos se encontram na lista de ameaçadas de extinção.
Com toda riqueza natural, é constante a degradação que vem sofrendo o bioma Caatinga. Queima da vegetação nativa para a agricultura, retirada da vegetação para a pecuária, agropecuária extensiva, implantação de espécies exóticas, construção de estradas, dentre outros problemas que aumentam os índices de desertificação e salinização do solo.
A preservação desse bioma é apenas motivo de debates. No entanto, muito se fala e pouco se faz. Eu, por exemplo, disponho de materiais sobre projetos que deveriam ser aplicados no bioma Caatinga para a sua preservação com apoio do Ministério do Meio Ambiente, mas na prática quase nada acontece. É só observar as margens dos rios e a quantidade de plantas exóticas que servem para arborizar as cidades nordestinas como Fícus, Nim e Algaroba. Estas plantas já estão comuns no nosso dia-a-dia e muitos nordestinos não sabem que elas não são endêmicas da Caatinga. Até órgão do governo que estuda o Semi-árido trabalha com espécies exóticas e as implantam no nosso ecossistema.
O problema é que assim como a Floresta Amazônica, o governo deixa o caminho livre para estudos de algo que é exclusivamente brasileiro nas mãos de estrangeiros e não orientam os agricultores, fiscalizam e punem severamente quem degrada.
Desde quando o homem percebeu que a natureza não é empecilho para sua progressão, o meio ambiente passou a ser alterado pela ação antrópica; contudo, o homem deve ter a consciência que a natureza precisa de um tempo para se recuperar, pois, se houver apenas degradação, o que podemos esperar é somente uma história do que foi o bioma Caatinga.
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* é professora de geografia e colunista do Jornal da Pompéia