por ALEXANDRE SAADEH*
Entre os adolescentes existe muita vergonha e mitos quando se fala sobre sexo. É até estranho, mas pelo menos entre os garotos existe a crença de que a atividade sexual, por ser instintiva, já se considera sabida. Pior, é nessa etapa do desenvolvimento que os mitos se consolidam e produzem o que têm de mais lesivo em termos de sexualidade: a noção de incompetência ou de insuficiência. As garotas também sofrem com os tabus de que devem transar, de que não devem transar, de que têm de ter orgasmo, de que têm de se masturbar, etc. Esquece-se que cada um ou uma tem um desenvolvimento próprio, recheado de dúvidas e questões inerentes à auto-imagem, competência, adequação e maturidade afetiva. O que era para ser uma descoberta legal, passa a se tornar uma batalha a ser ganha, onde o outro é só um mero instrumento de comprovação de desejo, mitos, tabus e superação de fragilidades. Poder ter informações seguras e formação consistente nessa área e nesse momento da vida é fundamental se queremos formar indivíduos saudáveis física e mentalmente. Para isso se faz necessária uma educação sexual consistente, respeitosa e sem preconceitos. Usar uma foto, um objeto, um trecho de filme ou mesmo exemplos da vida cotidiana é muito útil e faz da sexualidade humana algo comum, genérico, sem grandes alardes e medos. Para isso a formação de professores é fundamental. Professores sem preconceitos e julgamento de valores são capazes de desenvolver questionamentos maduros e ricos entre os adolescentes. O importante não é passar falsos moralismos ou conceitos restritos, mas sim desenvolver a capacidade de questionar e propor possibilidades reais e tranqüilas, que ao invés de conter, possa impulsionar o amadurecimento de competências, capacidades e relações. Sexo, muito além do ato, é uma forma gostosa e social de se relacionar afetivamente com o outro. Onde um pode completar outro e é o espaço de trocas.
Adolescência é esse mesmo momento de descobertas e trocas; crescimento e incorporação; fase de desfazer restrições e manifestar a liberdade de ser e agir conforme as regras pessoais e sociais amplas. Sem medo, receio ou inibição. Viver quem se é!
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* psiquiatra e sexólogo