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A "ADORAÇÃO" DE ALGUMAS FORÇAS ARMADAS E O PERIGO IMINENTE DE NOVOS EXCESSOS

por Cyro Saadeh*
Veja quantas pessoas dizem gostar da IDF, as Forças Armadas israelenses, no Orkut. São muitas. E o Orkut, embora não sirva de instituto de verificação real, é uma boa amostragem de como as pessoas, ou algumas delas, pensam.

A maioria gosta não porque o IDF represente a proteção do Estado judeu, mas porque sinaliza força, muitas vezes desmedida, a mesma que já esteve presente com os soldados romanos, espanhóis, ingleses, alemães e que permanece com os estadunidenses.

Essa admiração poderia ser nobre se o exército de Israel não atingisse civis e não fosse provocador. Lembrem-se da guerra do Líbano em 2006, quando houve o bombardeio de todo o Líbano, sob a alegação de retaliação ao Hezbollah. Dessa guerra morreram mais de 900 civis, a maior parte composta por mulheres e crianças, diretamente atingidos por "ataques aéreos indiscriminados de Israel – e não o uso de escudos humanos por parte do Hezbollah", segundo atesta a Human Rights Watch. A mesma organização de Direitos Humanos denuncia que "as IDF deliberadamente atacaram bairros inteiros porque eles eram considerados pró-Hezbollah, em vez de alvos militares específicos do Hezbollah, como exigido pelas leis de guerra".

Também houve o uso pelo IDF de munições de fragmentação, muitas fornecidas pelos Estados Unidos, o que também não é admitido pela Legislação Internacional.

E, mesmo frente a todos os abusos, há os que admiram aqueles que praticam excesso, como Stalin (e não Lenin, como constou aqui originalmente), Hitler, Gestapo, IDF. Coisas de pessoas que buscam a demonstração de poder e de força. Freud, que era ateu de origem judaica, poderia explicar.

E antes que venha ataque deliberado, um aviso: sou plenamente a favor dos judeus e de suas tradições, o que não se confunde com a defesa dos excessos praticados pelas Forças Armadas de um país que trilha o imperialismo. O meu avô, que era sírio e morava no Bom Retiro, recebeu os irmãos judeus vindos da Europa nos anos 40, fugidos das ameaças dos horrores nazistas. Hoje, se fosse vivo, certamente choraria pelos parentes perdidos nas guerras imbecis que assolam o Oriente Médio, mas nunca deixaria de abraçar o irmão refugiado ou o irmão injustiçado, seja ele de qual religião, etnia, cor, sexo, opção política ou idade fosse.
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* jornalista