I- POSIÇÃO POLÍTICA
A América Latina, hoje, revive momentos históricos. Bolívia, Equador, Nicarágua, Paraguai e Venezuela colocam parte do continente em um mundo mais politizado, anti-imperialista e esquerdista. Argentina, Brasil, Chile e Uruguai ficam naquilo que se poderia denominar de centro-esquerda. Isolada, resta a Colômbia do presidente Uribe, aliada próxima dos Estados Unidos e inimiga dos presidentes do Equador e da Venezuela.
O império estadunidense está próximo de perder a sua base no Equador, o que deve ocorrer até 2009, e também pode perder a importante base aeroportuária no Paraguai. O que restará dos Estados Unidos no continente sul-americano? Algo que não desbanca o poderio estadunidense, como serviços secretos espalhados pelos países, incluindo o Brasil, que permitiu a criação de escritório da CIA em S. Paulo; a parceria militar e estratégica com a Colômbia; e a 4ª Frota que ficará bem aonde imaginam... próxima do Brasil, já que o nosso país teve o privilégio de ter um imenso litoral no Atlântico-Sul.
O Brasil não adota uma posição anti-americana, mas está se distanciando do seu "parceiro". Votou contra a invasão do espaço aéreo equatoriano por forças colombianas. Aproxima-se fortemente de Cuba, pretendendo fortalecer os laços culturais - que já existem - e econômicos - ainda muito incipientes. Mantém conversações próximas com Bolívia, Equador e Venezuela. Almeja a criação de uma força defensiva sul-americana. Rejeitou a morimbunda Alca e investiu no fortalecimento do Mercosul. Pretende comprar submarinos nucleares e armamentos da França ou da Rússia.
A instabilidade na América do Sul não interessa ao Brasil. O seu crescimento econômico depende de estabilidade democrática e de paz na região. Confrontos militares entre vizinhos ou as meras ameaças de beligerância, esvaziam a nossa capacidade de crescer monstruosamente, já que o comércio brasileiro volta-se primeiramente aos vizinhos. Dizem que os Estados Unidos fomentam provocações para evitar que o Brasil cresça. O Brasil sempre teve um papel central como mini-potência pró-Estados Unidos. Nunca é demais relembrar que a ditadura brasileira foi planejada pela CIA e serviu para afastar governos esquerdistas na América do Sul. Hoje, o Brasil afasta-se do império e já não é mais o queridinho de lá, para a nossa sorte e paz. A Colômbia foi escolhida como nova parceira. Ela que se cuide.
II - FORÇA DEFENSIVA
O Brasil, numericamente, detém a maior força bélica do continente sul-americano, mas a maior parte do armamento está obsoleta. A Colômbia, com um território muito menor e uma população infinitamente reduzida, tem as forças armadas mais bem preparadas e armadas. Chega a totalizar 400 mil soldados, contra cerca de 200 mil do Brasil.
Com aviões, tanques e armamentos modernos, a Colômbia tem preocupado os seus países vizinhos. O Brasil, por sua vez, possui grande número de aviões com tecnologia ultrapassada e uma frota naval lastimável.
A Embraer fabrica os tucanos e os aviões de espionagem utilizados na Amazônia, mas isso não é suficiente a dar ao Brasil a independência pretendida. Por isso firmou posição na criação de uma escola militar e de estratégia sul-americana, boicotada veemente e unicamente pela Colômbia.
Por tudo isso, os militares brasileiros têm visto a Colômbia e os Estados Unidos com preocupação. E não se trata de militares esquerdistas, comunistas ou alienados, mas de militares com uma preocupação e visão estratégica necessária aos interesses nacionais.
Foi pouco divulgado, mas as forças brasileiras fizeram um intenso treinamento no Vietnã. Para que? A resposta não é mencionada às claras, mas supõe-se que seja para combater guerrilhas na Amazônia (FARC) e exércitos com forças e equipamentos muito superiores (Colômbia e Estados Unidos).
III- PETRÓLEO E ÁGUA
Coincidência ou não, as mais recentes descobertas da Petrobrás ficam na direção do litoral de Santos, no oceano Atlântico. Militares brasileiros preocupam-se com a questão do nosso mar territorial e com a sua exploração que pode ser obstada pelos Estados Unidos nos organismos internacionais.
O petróleo é tanto a base da industrialização moderna, como a base da motorização da maior parte dos veículos mundiais. É uma fonte esgotável em que as reservas de alguns países não perdurarão por mais de 6 ou 8 anos.
Por outro lado, a água potável, que também é esgotável, já está em falta em boa parte do mundo, como no Oriente Médio e na África, e promete ser mais rara a cada ano que passa, inclusive e principalmente nos Estados Unidos, que poluem a pouca água que têm. Infelizmente para o Brasil, ainda não inventaram algo para substituir a famosa fórmula H2O para movimentar a maquininha dos seres humanos.
Paralelamente às descobertas de petróleo, o Brasil detém a maior reserva de água potável do planeta, que divide-se entre a bacia amazônia, próxima da Colômbia, e o aquífero guarani, muito próximo do Paraguai. Coincidência ou não, os Estados Unidos estão colados nessas nossas reservas estratégicas.
IV- CRESCIMENTO ECONÔMICO
O Brasil não tem crescido como poderia, mas, mesmo assim, tem impressionado e preocupado muitos países. Ele faz parte do que se resolveu denominar de BRIC- integrado por Brasil-Rússia-Índia-China. Esta sigla é utilizada para indicar os países com economia emergente e que em 20 ou 30 anos assumirão o papel de líderes econômicos mundiais.
Feliz ou infelizmente, desses 4 grandes países em território e em população, o Brasil é o único que não possui armamentos nucleares. Se a previsão de crescimento e liderança se confirmar, seremos o único país do globo a ser uma enorme potência econômica, mas sem a ressalva nuclear.
Isso gera uma certa preocupação na questão de segurança interna. As bombas nucleares servem muito mais para evitar um ataque de força estranha do que qualquer outra coisa, por gerar o receio de retalização. A preocupação do Brasil é com a segurança dos aquíferos, poços petrolíferos, e das instalações industriais e das grandes cidades brasileiras.
A manutenção de permanente diálogo e proximidade com outras nações importantes e a construção de submarinos nucleares, a fabricação de aviões supersônicos e a aquisição ou fabrico de mísseis balísticos são imprescindíveis para suprir a carência defensiva e barrar pretensões beligerantes externas, a ponto de permitir a manutenção do nosso potencial econômico.
E juntamente com a Índia, o Brasil é a única grande potência emergente que não possui assento definitivo no Conselho de Segurança da ONU, de onde fazem parte Rússia, China, Estados Unidos, França e Reino Unido. Isso também gera preocupações e é por isso que se faz necessária uma maior aproximação com a França, a China e a Rússia.
V- DOS MOVIMENTOS SOCIAIS
Não me canso de dizer que os Estados Unidos usam pretextos - a fim de iludir a própria população - para justificar a invasão de um outro país. Movimentos sociais e populares, onde se inclui o MST - Movimento dos Sem-terra, pode ser rotulado pelos estadunidenses como movimento armado e de doutrina comunista, perigoso à democracia na região, assim como fizeram ao denominar as FARC de movimento terrorista (e não guerrilheiro). Pode-se utilizar como pretexto, também, eventual acolhida de membros das FARC na amazônia brasileira.
VI- CAMINHO CERTO?
Neste aspecto, o Brasil tem trilhado no caminho certo, com calma e ponderação, mas sem perder de vista os interesses das futuras gerações brasileiras. É necessário treinar nossas forças armadas, armá-las, comprar submarinos com propulsão nuclear, investir em armamentos de interceptação e de alcance intercontinental, fomentar o fabrico desses armamentos no nosso continente ou comprar de países que não tenham interesses imperiais na região, e manter sempre um diálogo com outros países importantes geopoliticamente, como a França, a China e a Rússia. É necessário repensar estrategicamente, sempre, para que o Brasil possa estar preparado a qualquer eventualidade.