por Cyro Saadeh*
Andando pelas ruas da Pompéia, noto que ainda há muitas casas pequenas, a grande maioria de gente com mais idade, que dão um toque de interior a esse bairro e contrastam com os novos prédios, verdadeiros arranha-céus, chiques e com sacadas enormes.
O bairro modificou-se muito de 10 anos para cá. A farta oferta de linhas de ônibus, a proximidade com os terminais do metrô da Barra Funda e da Vila Madalena e o fácil acesso às marginais do Tietê e do Pinheiros, deram ao bairro um revigoramento e também um esgotamento. Tornou-se uma espécie de extensão e mistura dos bairros das Perdizes e da Vila Madalena, com muitos prédios em construção e uma expansão de bares descolados.
Hoje, a Pompéia abriga supermercados, shoppings centers, um grande hospital, várias clínicas médicas, panificadoras de qualidade, diversas escolas, faculdade, casas de shows, uma grande unidade do Sesc, pequenas praças e uma variedade de Igrejas das mais diversas fés.
O que era chamado de Vila Pompéia, hoje poderia ser chamado de Cidade, pois não depende mais dos serviços ofertados pelos outros bairros. A população reduzida aumentou de forma exponencial.
Hoje, ainda temos um pouco daquele ar gostoso do interior, mas está findando-se. Estamos na fase que os corretores imobiliários denominam de crescimento e de valorização. Será, mesmo? Quem mora na Pompéia há mais de 5 anos com certeza buscava um bairro com o sossego das pequenas e médias cidades. Para essas pessoas, essa tranquilidade é o que valorizava o bairro e fazia crescê-lo não no número de pessoas e de carros, mas na qualidade de vida.
Ainda é possível encontrar um ar de tranquilidade, mas precisamos lutar por isso. A Vila está se tornando um verdadeiro pombal com um número sem fim de janelas de prédios e mais prédios, verdadeiros arranha-céus que arranham sonhos e nos deixam mais próximos do inferno do trânsito e da intranquilidade da maior parte da São Paulo.
Não. Não arranhemos o céu. Nem deixemos que o façam.
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* jornalista e colaborador do Jornal da Pompéia